quinta-feira, 7 de outubro de 2010

coisas da kelly saura




A cidade de Inhuma, no interior do Estado,(ou "à 240 km da capital") foi o local escolhido para a intervenção urbana da artista Kelly Lima.
Intervenção Urbana é um tipo de manifestação artística, geralmente realizada em áreas centrais de grandes cidades. Consiste em uma interação com um objeto artístico previamente existente (um monumento, por exemplo) ou com um espaço público, visando colocar em questão as percepções acerca do objeto artístico. A intervenção artística tem ligações com a arte conceitual e geralmente inclui uma performance. (FONTE: wikipédia, a enciclopédia livre)
A ação ocorreu entre os dias 15 e 16 de agosto. Uma enorme pedra, encrustrada entre casas e ruas no meio da cidade, foi o suporte escolhido para a reprodução de pinturas rupestres encontradas nos sitios arqueológicos do Piauí. O ato chamou a atenção dos moradores que curiosos, vinham olhar, comentar e discutir sobre as pinturas, arqueologia, e arte.
As crianças logo se juntaram ao trabalho, e os pincéis, tintas e "tela" foram socializados. Algumas escolheram fazer as reproduções das gravuras; as menores, figuras abstratas e outras resolveram deixar para a posteridade o registro dos tempos de hoje, pintando figuras que remetem à modernidade, como automóveis e torres.
O trabalho, intitulado Pinturas Rupestres do Ano de 2009, faz parte de um projeto de pesquisa da artista, que iniciou no ano de 2007, numa viagem feita à Serra da Capivara.
"Em 2008 fiquei doente, com uns problemas nos ossos, que me deixou paralizada por um tempo. Nesse período começei a pensar sobre o Sentir e se Auto-conhecer através dos ossos, e o artista como arqueólogo. O arqueólogo traz a imagem à tona, é um revelador, escava, arranha, procura. O artista também. A minha formação é em design gráfico, e eu tinha uma afinidade muito grande com o graffiti e as expressões gráficas urbanas. A manifestação mais antiga de representação gráfica da história da humanidade são aquelas pinturas feitas nas paredes das cavernas. As pinturas rupestres são os primeiros exemplos de graffiti da história da arte. Mesmo com milhares de anos espaçados no tempo, o que mudou foi apenas o contexto, o ato continua sendo o mesmo. Todas essas descobertas e relações que vou tecendo, a partir de uma curiosidade a principio despretenciosa, tem se mostrado um trabalho visceral, estimulante e revelador para mim. Poder tocar as pessoas, principalmente os moradores de uma região como aquela, que nao tem muito contato com o contexto e manifestações de artes contemprâneas, com essas questões, é muito satisfatório. Quanto mais íntimo você é, mais universal você se torna." - relata Kelly Lima. Filha de pais naturais de Inhuma, cresceu no Recife, mas diz que descobriu algo que a reconectou com o lugar, e que pretende voltar mais vezes e continuar o trabalho.
Para quem tiver a oportunidade de ir à cidade de Inhuma, o mural com as pinturas está localizado na Rua .............., próximo à rodoviária.

Para informações sobre a artista, acesse o kellylima-portfolio.blogspot.com , as fotos da intervenção estão no sítio www.flickr.com/photos/kelly_lima/ .

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

ciência da primavera I

foi bom brincar de estudante de ciências
fui muito mais cientista que pensei

quando fui gay e fiz teatro
mais sapatão de pés de pato

nadei demais nas horas vagas
em que dormi semhoras e sem mangas

nessa nudez frutífera e muda
pude viver virgos da vulva

alem chovia à flor vermelha
a primavera puro humor

rugia a fera apurada
a puro toque de quem for

dentro de mim, fera danada



cdu, cfch
martha rocha

lelo

lua laranja
de fazer suco

cheia de muco e choro
de fazer canja

lua de franja
boneca polaca

saí de pés
e voltei de maca

cdu, primavera de 2010

Vó Socorro

Nahinã é meu afilhado, filho de Sofia e Bruno. Esses dias a avó paterna inventou de dar a ele alimentos que na dieta nuclear não comeria. Ele aprende rápido as palavras que dizem do que ele gosta. Quando viu a avó foi logo dizendo na frente dos pai: "Socorro... coca, socorro". "Ossinho, Socorro! Ossinho..."

sábado, 3 de julho de 2010

nasci um cabrito de memória afetiva e abri o berreiro

quinta-feira, 17 de junho de 2010

virgo

Nublava muito; a tarde e deusinha, ela dos olhos negros e redondos, mastigava o líquido e bebia o sólido numa macrobiose verdadeira e xiita; se entendiam os sumos e por dentro as contrações da espera remexiam em danças aquáticas. Observava os sapos lunares e dava leseira o coaxar e o desespero elétrico da cigarra. Quase tudo dava uma brisa naquela altura do campeonato. Era o sono e a vontade de urinar, naquele tempo úmido cor de peixe-boi. Humores, sumos, alimentos, deusinha do olhar languido; preenchidas as entranhas. Compreendera de algum modo que tudo havia mudado depois de que de repente lhe surgira no corpo algum jeito termal mais acentuado que lhe dava ganas de se coçar nas cascas grossas dos pés-de-pau, de ver nos espelhos fluidos sua própria tremulação cintilante, de se deixar montar.

Deuzinha perto da foz, à água empoçada das ramas de capim, o chuvisco na pegada dela, no sulco da terra adubada; ruminava, canção azul de labor, e pensando em nada trabalhava a estranheza das coisas vivas que cresciam agora por dentro, o temporal silencioso dos olhos redondos chovia no molhado.

...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

àgente



esse texto belinho foi escrito pelo meu avô adotivo que não conheci. tenho amado ler esse avô, tem ele me sido esperança; os presentes que nos/me deixou são feito caixas de pandora, um cinema de fogueira de poeira, eles são cheios de "espírito da coisa dada", grandes afetos d'ouro; são besouros.

sexta-feira, 5 de março de 2010

no aniversário

o palhaço diabolin, que bamba na corda e solta fogo pelas ventas, se pinta de pasta de dente e baton-acorde-rosa-choque, tem filhinhas magrinha negrinhas pequenas e danadas, já artistas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

do dia que nasceu Rocco, filho de leandro e nina

no dia que Rocco nasceu fez sol, mas no céu havia umas nuvens meio densas até, talvez pra indicar a água que trazia a criança de peixes, peixes com ascendente em peixes, será mesmo? e inda muito aquário e carangueijo. eu nesse dia tinha madrugado como de comum dia, no entanto reluzia, e tudo era mais bonito no caminho pro trabalho no museu do estado desse estado. percebi quão floridas eram as árvores de minha rua. e naquele colorido trêmulo, senti as brisinhas que se deliciavam nos amarelos e vermelhos, nos roxos e lilases, nos verdes em suas gradações. pude perceber quão simpática e forte era a grande planta das bajes, uma percussão simples, um chocalhar tranquilo, uma leveza dessa força pelas 7 e pouca do dia amanhecido. falei com o porteiro e pedi "uma casa pra água 55"... hehe... eu havia trocado as palavras :) "uma água"... ele entendeu sorrindo e num sim com a cabeça. eu segui. e vinha maria (locatária da casa que eu moro) caminhando pela avenida; por graça já zarpava o onibus q bem chegava, mas numa corridinha alcancei o bendito transporte. percebi a loja de bicicletas na avenida, o homossexual, a minha postura, etc. do lado esquerdo passou sentido o caminhão das galinhas de granja, pude sentir... já caxangá; o menino com a mãe, na cadeira alta do coletivo ao lado, bebia de um leite fermentado que ensaiou jogar o recipiente no asfalto do lugar que se movia, ele vestia uma camisa cor de cenouragerimum q já devia ter sido de um irmão ou primo de desbotada a cor que estava.

as rês astral

Portugal era no recife velho, cantava-se, desde a boa vista, uma toada de aboiar. Ponteios, galos enormes de córócócores. Seu Azaias e uma cigana retirante. a noite dentro da caminhada brilhava, os metais da ilha do porto, as zuadas de carne com purpurina. Era o milagre dos bois, o milagre do entendimento dos rebanhos, e da função do lamento, da glosa em binco de pena branca, do desafio vivendo e velho. Quadros arabés entre rios de índios, era a mouridão das gentes mistas vendendo e doando. Milharal de cana de melado. Comum nosso ar de tanto, gente de brilheza granulada evapor, gente leitosa e cafézal. Pimenteando. Era do signo que já se havia cantado assim noutra localidade, e nem se perdeu tempo em procurar entender que areia foi aquela - muita naturalidade nessa sapiência do familiar. Tempo de areia. A velha caximbêra com cara de onça pintada lá do templo do calor disse que fazia poeira. Então disse que havia chão voante, era o milagreiro da simpleza, tendo o milagre das raíz e da carne solar. Rês mago.



dizendo do fim de sábado de zé pereira, depois da volta da condado infinita, já na várzea de 2010.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

sobre uma maga da floresta cantada


as plantinhas cantam e tocam, sutis, guardam um mundo e são um, da unidade. mudam as folhagens, e o vento dança as folhas crocantes, elas se desprendem, compreendem; na seiva que se espalha viçosa, desde o começo, são já, tudo junto, a essência dos alimentos todos. as plantas são o sol, as águas, os sais minerais, os escrementos dos bichos, os adubos todos. são o alimento próprio. elemento amplo e respiro.

fico feliz q sejas essa pessoa planta que és... feliz em poder cantá-la.



16.12.2009
várzea

jorge tamém


bárbara maravilha

Carnaval libertante,
saída figura de boi,
máscara de leão-macaco-gente,
máscara ita-liana de couro de ganho,
do teatroó, circoó,
da 'comédia, del arte',
da constelação que sol e raya.

Voei de exu volante,
bomba-gira cor tiê,
e erê em cintilação.

Saí de gentes azul,
de bigode pronto e sobrancela colada.

Aíndia presente e a valha raposa rosa.
Nas terras estreladas da ciudade condado,
nos arecifes velhos e antiílhas,
nas várzeas pintassilgas...
e as cinzas nos boi ressucitandos em olinda alta.

Bom ver os rostos do cotidiano de meu novo sertãozinho,
(padaria mercado parada de ônibus...)
no sorriso da festaria.

Muitos os abraços de bem e portes,
sendindo a vizinhança de apito.


Semente saltante e córdova.

Ova ave avé nos parararóis das pombas,
enquanto... antes e ágora.
de tudo logo e comtemporâneo,
uma linda limpeza de umbanda
me deixou norma conexão maior,
de mais carteira,
de escudo e cartola.

18.fev.2010


domingo, 24 de janeiro de 2010

coisas de bicho


essa falta de coragem
minha vó chama, "preguiça"
me agrada o gosto dela.
bicho, xenarthra...

nu tempo, dança própria...
leseira do caminho,
sorte e sentido alando.
não há linha separando.

é um grande todo,
a chuva e o petróleo.

leve, farta...

tem as garras agradecidas.