quarta-feira, 25 de novembro de 2009



(Josué de Castro -1938 -Nestlê)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

malagueño

Oscarito(Ator brasileiro)16-8-1906, Málaga, Espanha 4-8-1970, Rio de Janeiro (RJ) Filho de uma família de circenses, com uma tradição de mais de 400 anos de picadeiro, Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Dias, cujo diminutivo ficou sendo Oscarito, nascido na Espanha, veio para o Brasil com 1 ano, onde se naturalizou e tornou-se um dos maiores gênios da comédia brasileira. Ao lado da família, estreou no circo aos 5 anos, como índio numa adaptação da peça O Guarani, de José de Alencar. Foi palhaço, acrobata, trapezista e ator de teatro de revista. Destacou-se nos palcos satirizando Getúlio Vargas em Calma, Gegê (1932). Sua primeira aparição nas telas foi em A Voz do Carnaval (1933). No início dos anos 40, estreou na Atlântida. Fez uma parceria com Grande Otelo, que se estendeu por longos anos e resultou em 34 chanchadas. No final dos anos 40, passou a parodiar as superproduções feitas em Hollywood. No antológico Este Mundo é um Pandeiro (1947), travestiu-se de Rita Hayworth numa sátira ao filme Gilda; em Nem Sansão Nem Dalila (1954), imitou Sansão e Dalila, de Cecil B. de Mille; em Matar ou Correr (1954), foi a vez do bangue-bangue Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann. Com 45 filmes, virou um fenômeno de bilheteria e o comediante mais popular da época. O filme Colégio dos Brotos (1956) foi visto por 250 mil espectadores na primeira semana de exibição. Outros filmes célebres: Carnaval no Fogo (1949), Aí Vem o Barão (1951) e Aviso aos Navegantes (1951).

Natural com Bacon.

Os rebanhos não andam mais, os rebanhos são caixas frias e cinzentas. As pobres porcas gordas e anômicas. Não faz mais sentido parir assim. Não há prazer nesse tipo de reprodução seriada, não brincante, nem sol. Todas as galinhas são palidas, iguais, não cacarejam as luas cheias. As vacas sabem onde seus cascos apertam, santas vacas com seus bezerros em desmame. Um quero-quero voante e morcegal, me contou tudo quanto viu. Era tanta dor que pedi pr'ele parar logo. Pobres ovelhas que não podem perder-se em berros astrais. Focinhos que não conhecem as pedras, os caminhos das formigas, as poeiras soltosas. Línguas que desconhecem a umidade boa que têm os alimentos que se desmancham nas quedas. Caramboleiras aquosas, jambeiros perfumados, e as cascas das mangas espada, a textura das algarobas. enquanto os pássaros das árvores cantam as larvas da madeira, o tempo colorido, a ventura, o contato amplo. Que cantos sem saúde entoam essas crianças azuis de ponta e pena? Sem prisma.


(uma Atlântida em Plutão... uma nova em Platão).

terça-feira, 3 de novembro de 2009

jacarés e almanaques.

Povo amado,
compartilho cá um editorialzim de fim, pra começo de história.
com_um beiju.


Querida Lunduz de outubro,

Estabeleço essa comunicação para que se saiba um pouco a escala tonal que esse mês foi conseguindo, desde as ciganas velhas que apareceram e as velhas ciganas que teimam em se eremitar, às dicas 'acadêmicas' do professor Michelotto, que têm sido de suma importância para que as veias abasteçam as canetas imateriais da prosa poética, (nos 5 minutos de escrita de cada dia, que venho tentando feliz). AgradeCida, ainda, ao contato herança afeto que me permitiu mais proximidade com o entendimento holístico dos almanaques, ampliando minha maneira almanáquica de entender o mundo, e a abertura de me entender mais dentro dele, sendo uma mãe menos carente e mais amorosa, pois que há A poesia em todos os lugares, e toda ela é o espelho sincrônico, (é uma guinéz). Já, quanto aos contornos e às posturas celibáticas, pinto as manhãs celestes no emaranhado do trãnsito e em terras estreladas do Centro-Oeste brasileiro. Por fim.. durmo pensando ainda, que até mesmo quando penso nos jacarés filhos de aves - aqueles que comem as mães na adolescência, os jacaré edipianos, imperfeitos, sorumbáticos - penso em como é sempre bom o encontro, e que nunca é 'des' .


10.10.2009
Guiné da Selva.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

enquato lia essa tela reluzente de cá, no escuro do quarto, surgiu uma mosca enorme riscando...(ela tá passeando pela tela em zuadaelétrica agora). percebi que ela não tem uma das pernas, (a primeira do lado esquerdo) lembrou o soldadinho de chumbo...ela deve ter fugido de uma teia larga de alguma aranha faminta, ou, numa inocencia moscal, triscou numa vela acesa, sonhando o chocolate dum bolo comemorante de fim de outubro. (quanto tempo vive uma mosca?) pode até ser que em torno desse aleijo haja uma falha na formação e o problema seja de nascença...- será que ela levou um tapaço?! a verdade é que não conheço muito o cotidiano das moscas.queria que ela saísse daqui, tá me atrapalhando. agora ela se aquietou um pouco em cima da luz azuzinha do botão, mas foi por pouco tempo.(saí daqui peste! porque não te mato logo, hêim?!)parece que já amo e odeio essa louca... são 4 e 43 e inda não durmi... queria tanto ir na praia quando o sol viesse, raro vou naquele rio de sal... as outras três pessoas da casa já dormem desde às 2... antes tavam assistido um filme sobre as culpas socio individuais.
-nunca tinha visto uma mosca tão estranha...tou olhando ela muito de perto. consigo ver as linhas das asas... aiai. pensei em tirar ela com as mãos de concha e jogar pela janela. muito labor. quando eu desligar o computador acho que ela relaxa.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

o toré crescente



à jornada de estudos sobre etnicidade

Anaíra Mahin Valadares Galvão.

Licenciatura em Ciências Sociais.

Universidade Federal de Pernambuco.

“Entre palmeiras e urnas funerárias”:

Pensando a poética da Coleção Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira.

Resumo:

No âmbito das coleções etnográficas, partindo de minha experiência de imersão no Projeto de: memória, documentação, e pesquisa com a Coleção Carlos Estevão de Oliveira, trazer reflexões amplas a respeito dos contextos históricos que acabaram deixando essas coleções na invisibilidade à importancia da existência dessas coleções nos dias de hoje. Pensando na quantidade de coisas que essas coleções nos têm a dizer, e que temos a significar nelas, entendendo - na amplitude semântica, na dimensão ‘almanáquica’, no potencial transdisciplinar que há nesses conjuntos diversos - a fortuna deles enquanto campo de pesquisa. Pensar ainda - prismando dos afetos - 'raízes' e significados dos processos e das escolhas que ao longo do tempo têm sido fundamentais para compor os caminhos e os contextos atuais desses objetos etnográficos, entre processos de patrimonialização e estorvo.


ALmanach


poema feito para compor a capa de um folheto sobre Almanaques, pro evento de astrologia da semana de ciência e tecnologia.


A partir da ciência estelar
Lê-se a voz do princípio da ciência
Mãe - a terra - que é chão por excelência
Amorosa, transmite o B- A, BÁ
Norteando nas artes do plantar
Ampliando a semente e o seu gozo
Quando vem em um vento tempestuoso
Umedece estremece cada grão
Escurece e clareia a imensidão
Sorte alada da Poupa, e o seu pouso.

Soluções das clarezas intuitivas
Ordenadas na força do que vem,
Burilantes das buscas criativas
Resvalando os cenários das cativas
Estruturas mentais dos rios de além.

Almanaques fluindo dos umbrais
Luminosos os grãos da ampulheta
Mares certos, e sons de escaletas
Arenosos, desertos, e gerais
Navegantes divinos imortais
Arabescos sertões de outros egitos
Quão os berros vibrantes dos cabritos
Universos dedilham finas cordas
Então cá explicamos pelas bordas
Sábias cores dos quadros infinitos.


Luas e sóis perpétuos para vocês!

Anaíra Mahin
Outubro de 2009, Recife.

sentimento MAis TERNO




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

por falta do que dizer

ele xingava aquela mulher de "demente", diariamente
nunca diferente

um desses dias, ele escovou os dentes
e saiu de casa igual
no entanto, sofreu um acidente...

ficou bem mal,
meio demente.

aquela, a quem ele xingava todo dia
limpava seu cocô
não achava ruim mexer com merda


ele viveu ainda um pouco,
e morreu bem limpinho.

eu-cientista
outubro, 2009

da conservação


esses dias tive fazendo parte de um curso lá no estágio no museu, "acondicionamento, conservação e restauro de acervo etnográfico". a professora restauradora chamava Mônica e era de Goiás, parecia um pouco comigo, quando chegou por lá meio me assustei, parecia com Maria de Madeiros, aquela atriz lusitana que atuou, junto com Uma Thurman, num filme sobre Anais Nin, aquela escritora febril. muitas coisas loucas nesse curso, aprendemos que tem uma caneta que é de "qualidade arquivística", e um monte de material louco que se usa, uma tal de uma "espuma de polietileno espandido" é um deles, que por ser inerte é ideal para guardar coisas, já o PVC não é recomendável, libera uns ácidos loucos. foi dito lá que não se usa mais timol de foma alguma, pois é altamente tóxico, e que tem tipos papel que não são muito legais para salva-guardar certas coisas, que soltam muitos gases, muitos vapores orgânicos. aprendi que papel bom pra quardar foto é o "papel japonês", e que o material etnográfico japonês também é muito delicado e bonito, vimos inclusive, através de uma projeção na parede, um abano bem antigo cheio das firulas, todo delicado, construído nele um dragão escuro num céu azul e madrepérola, com pedaços de pavão misterioso já morrido há tempos. Essas coisas de museu são meio engraçadas... essas guardagens. esses trabalhos de reserva técnica...lá em casa tá cheio de documentos e esses materiais de qualidade arquivistica devem ser carros pra burro. mas não quero me antecipar a sofrer de véspera como um pobre peru de festa... - nunca ouvi falar que tinha cola de coelho, cola animal? nunca tinha sabido disso, cola de peixe, cola de boi... tem gente que não deve gostar nada disso. eu não sei se gosto ou não, não pareço ligar muito, acho que os coelhos não devem gostar nada. Um natal desses, eu tinha uns 7 ou 8 anos, minha mãe tinha separado de meu pai, tinha fugido comigo, tavamos em Minas Gerais, lá numa prima dela que tinha um marido bonzinho e velhinho chamado miguel, era natal, já disse... separação des pais, criança, menina... foi um trauma ver aquele leitão assado com maçã na boca... nunca tinha visto tão explicitamente uma comida com cara, pata, orelha, nariz, rabinho... dei um grito apavorado, gasguito... devem ter saído ali outras pauras. acho que falei com meu pai naquela noite mineira... o marido da prima de minha mãe, o senhor Miguel, gostava de ler gibis infantis, e de instante-em- instante tocava um bip de um remédio que ele tinha que tomar. a filha dela já era adulta... tinha no quarda-roupa umas bonecas grandes e louras do passado, tinha até uma Suzi, bem Marta Rocha.

eu tava falando de que mesmo?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

em meia taça!

sim...
autores coadjuvantes:

manuel de barros escrevendo de barba
mário de andrade sorrindo de óculos
paulo micheloto arengando adesso
thiago de mello paraense amoroso
pedro almodovar colorindo o lábio
roger bastide abraçando um toco
paulo freire aprendendo o barro
levi strauss virando semente
lourival holanda no silêncio
agostinho neto sendo avô
eliza lucinda lunando...

ud-din rumando*

miró se espremendo
marx manuscritando
mauss sendo dadivoso
frança em cima da mesa
minha mãe me amamentando.





Amamaíra Mahin,
Museo do esztado de pernambuco,
set ou outubro de 2009.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

eucientistizando

Num domingo qualquer, os pais levaram a menina ao zoológico. Ela viu patos, e meninos, e macacos prego, e palavras, e orangotangos... Gostou muito dos jacarés. Teve medo e gostou. Quis ver mais tempo. Levou para casa. Aquele pedacinho de gente gostou tanto dos dentuços que riscou de giz de cera um corpão jacarenho na parede da sala de casa, de canto a canto. Brincou, e brincou muito de riscar a parede. Depois soltou o lápis e foi procurar outra coisa para descobrir. Na cozinha achou formiguinhas pequeninas bem diferentes das que tinha visto no zôo, ficou olhando o caminhinho indiano que faziam, descobriu que a casinha ficava numa fissura do azulejo florido, pensou como seria morar ali... Perto da torneira meio dourada da pia... Agora ela já tava quase fora de casa, era o quintal da casa. Ela encontrou uma pinha madura no pé. a pinha grande se esbagaçava naquele calor. A menina gostava de comer coisas brancas. Leite, aveia, iogurte, tapioca... Só não ia muito com a cara do queijo-qualho, gostava mais do queijinho amarelo de manteiga. Brincou na terra e depois foi lavar as mãos na cozinha, subiu num banquinho que já ficava posto para ela. Abriu a torneira meio doirada, a água assustou uma barata que saiu do ralo, a barata assustou de leve a menininha, mas não muito - A menininha era um 'moleque'. teve impulso de pegar a barata na mão, mas era um moleque bondoso, e achou, que era mais certo, a barata ser livre. A barata era voadora, saiu pela porta do quintal, a menininha era danada, acompanhou. O pesinho tava sujo, contrastando com o cor-de-rosa da "sandalhinha de princesa", e as unhas bem rombudinhas que o pai cortava de obsessão. A barata pousou pousuda perto do lixo orgânico que estrumava o jovem pé de pinha que já dava tanto. Ela achou bonito, a barata ser livre. Lembrou dos animais do zoológico... Eram bonitos, mas, com exceção dos jacarés, que pareciam sábios famintos, os outros pareciam bem descontentes com a jaula. Ela pensou que realmente não era bom estar preso, e que não gostava quando mandavam ela pensar sozinha dentro do quarto das tralhas. O pensamento dela tava voando... Um ventinho levou umas folhas do chão. Cadê a barata?! Perguntou a si mesma. - Eita! A barata! a lagartixa! Vai comer a barata!?... Era a coisa mais incrível, ela pensou. E lá estava a lagartixa com aquela barata engasgada, cheia de casca, agonizante... Aquela lagartixa pequena... Era igual o jacaré!
araraíra maria do nascimento,
Recife, setembro de 2009.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Poema pro Mickey Mouse.

Coca Cola e Hollywood fazem mal a saúde.

Marcel Mauss, Recife, 2002.

irmão lobo, tu és meu irmão


*
Francisco.
Ao meu digníssimo irmão do meio.
*
Fran...
De frangote
De framboesa
De pão francês
...cisco
De semente
De grão de trigo
De comunhão
Meu companheiro fraterno
O meu irmão.
*
*
(Anaíra... Recife, 2008).

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

alemanha nativa.


Estava comendo Sauerkraut sentado em um banquinho miúdo de uma cozinha estreita. Era cedo da manhã e a comida era do dia anterior, o gosto tava apurado... Era um bom alimento naquele dia frio, mas ele não sei se parecia gostar muito. Seu pensamento era leve e ele sabia que apesar de ter nascido ali, estava de passagem. Pela janela, vez ou outra, invadia a casa a zuada e a fuligem de um maria fumaça estranha. Talvez, pelo ofício dele, ele simpatizasse tanto com aquela cobra de ferro comprida. Logo ele entrava na barriga dela e ia longe, bem longe, e lá de bem longe, era a vez de pegar um barco grande e no formato de uma baleia cachalote. Na estante da sala, atras de um sofá velho, olhando o movimento de um quadro que funcionava como tv preto e branca, tinha um livro grosso que ele gostava ler, era cheio de gravuras, havia ganho de um senhor simpático que vivia na biblioteca da metalúgica. Era um livro sobre pássaros, e ele gostava de pássaros, e de pessoas que se enfeitavam com penas de pássaros, pássaros expressivos, que não existiam naquelas bandas geladas. Ele lia e relia aquelas aves... E elas compunham parte da matéria onírica dos descansos daquele rapaz. Ele sabia que um dia encontraria aquele tucano.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A neta do torturador.



água dura e pedra mole
tanto bate até que bole

pedra mole e água dura
tanto bate até que fura

água mole e água dura
tanto pedra, quanto é pura

pura?

fura fura

dura dura

dura.

-mole?

Mamãe me xingava de "neta de torturador" quando eu era criança. Ainda hoje ela me chama assim as vezes...
Só que hoje em dia eu até acho bonito.

O pai de mamãe era político no sertão pernambucano, morreu em 1966,
tinha uma usina de beneficiamento de algodão
e dizem que um abacaxi extrangulou sua úlcera.

O avó torturador a que mainha se refere era o pai de painho...
minha vó, a viúva, conta que o marido nunca bateu num preso,
e que ganhou uma homenagem quando completou 1001 escoltas,
na mesma época que João do Pulo tinha completado 1001 pulos.

Meu pai, aos desoito anos, depois de assistir Fratello sole e sorella luna de Franco Zeffirelli, resolveu ser São Francisco...

encontrou tempos depois o apelido do pai dele na lista do movimento "tortura nunca mais":
- Gavião.

Hoje meu pai é psicólogo,

e se perdoa por nunca ter tido relação boa com o pai...

Mamãe até hoje chora quando começa a falar na ditadura militar,
apesar de o exílio político a ter possibilitado somar 32 países nas andanças.


Hoje, ainda não sou "mãe", nem "psicóloga", nem "torturadora"...
no entanto, esses espelhos próximos foram janelinhas, como aquelas da ida dos dentes de leite, abrindo em sorrizinho tímido, para um entendimento mais amoroso dos sentimentos e processos sociais no meu país.


*
Araraíra Mahin
Recife, 9/9/2009.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

laranja da china


Essa é uma canção de protesto, nasceu em parceria com minha maninha Maria Clara e depois meu amigo Germano me ajudou a arrematar.


AULA DE CIÊNCIAS.
(Anaíra, Maria Clara, e Germano)

Estou descascando uma laranja
Em formato de espiral
Olha que legal
Olha que bonito
Casca de laranja em forma de espiral.

O lápis pelicano colore a gema do ovo
E eu pergunto a você
Qual é a cor desse lápis?
E a Turma respondeu
Ele é alaranjado

O lápis faz o sol
Faz a sombra e a lua clara
E a casca do ovo é cor da areia do Saara.

À noite no deserto... u,u uuuuuuu...

Um camelo e um dromedário
Três corcovas de uma vez
E ainda um cavalo
que era pedra do xadrez

Pão de açúcar, corcovado
E uma galinha na rua
Avante, companheiros...
Essa luta continua!

Estou descascando uma laranja
Em formato de espiral
Olha que legal
Olha que bonito
Casca de laranja em forma de espiral.


(São Paulo... Recife, 2008 ?)

O capim que salva!

A cantiga abaixo é uma parceria com o amigo-amigo Germano Rabelo, ele trouxe a primeira quadra e eu fui me empolgando... pode ser que inda mude algo de lugar. CAPIM-TAOÍSMO. (Pareceria com Germano Rabelo) Eu vou ganhar dinheiro com comida Pois e a comida que alimenta a vida Preciso trabalhar para ter dinheiro É Capitalismo é mundo financeiro. E Marx já dizia Que a vida se esvazia Com o capitalismo industrial Que a força de trabalho vem do homem E essa é a essência que move o capital E é nesse dia a dia Que ele se desassocia Do seu laboratório natural. Pensei em abrir um restaurante e alimentar a ética protestante Que Weber explicita Deixando a gente aflita Nessa inversão conceitual Liguei no domingão do Faustão Piorei da depressão daí mudei de canal A culpa é dessa religião... E já tem televisão que é da igreja universal. Pensei em abrir uma lanchonete Bem localizada e contratar uma garçonete. Pois Giddens já me disse Que é uma tolice O eu moderno é um espelho de vidro... Assim Giddens foi meu analista, me ajudou a ser sobrevivencialista. Estou me sentindo tão repartido Tão bifurcado e em gasoso estado. É que sempre retorna o oprimido Transfigurado do padrão já polido. - Será que deus me acode? Eu já comprei um bode e não quero sacrificar. O prédio em que estudo é tão alto... Tenho medo alma de estupro e de assalto. Mas tou positivando o pensamento E invocando água, terra, fogo e vento... Peço pro presidente pra o reitor ou pro suplente Que tenham mais boa vontade com a gente. E peço aos professores Que não se vistam de ameaçadores Que a gente é amigo e não comida A gente zela pela nossa vida. E que a gente é comida também Mas num sentido um pouco mais do bem (+ zen). (se não agente pula... se não agente é kula, e negocia com uma rave geral...). E a gente vai fazendo pelas beiras Uma ciência um pouco mais arteira. A gente tá meio fragilizado Que é meio difícil se opor ao Estado Pois ele é um deus engravatado Que fica tendo criação de gado. Não Estou querendo remédio pra loucura Tem até genérico, mas eu busco a cura. Mexer na causa não no sintoma Na questão cérnica de toda essa trama. A lida com progresso tá parada Essa pobreza está estagnada. - Silêncio! alguém falou (E a gente se calou) É tanta teoria pra explicar o cocô... - Será que obrar no mato fertiliza? - Se a gente não sabe, improvisa! (E a bíblia já dizia Ajoelhou tem que rezar). ...a gente só lucra o que come Preciso trabalhar que é para não passar fome. (Recife, 2008).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Argumentando salmos.


.........................................................Por Anaíra Mahin Valadares Galvão
.


Era uma vez uma coleção de arte indigena, chamada Coleção Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira, as partes dela vêm de muitos lugares diferentes, hoje ela mora no Museu do Estado de Pernambuco, mas, cheia das faunas, floras, e barros do chão de outros tantos cantos.
Podemos perguntar qual o sentido desses objetos, habitantes de tantos cantos, terem se encontrado juntos e em contrapartida, terem tanto tempo ficado em desencontro com a morada recente, reservados à reserva técnica, ou mesmo, aos porões da casa grande do Museu.

O nome da coleção é o nome do camarada que colecionou, ou seja, ao longo de sua vida foi acumulando objetos, fotos, escritos, e vivências... Tudo relativo aos seus contatos com os mundos da cultura. Esse moço, Carlos Estevão, era sensível a muitas coisas belas, assim, era poeta, ecológo, foclorista, pai... E várias antropologias mais. Ele trabalhavou em um outro museu, lá em Belém do Pará, e numa cidade chamada Alenquer, exerceu o cargo de promotor público, nessa mesma cidade, tempos depois, nasceu nosso professor e orientador ReNato Athias.

Estamos, então, trabalhando nesse trajeto em memória, pesquisa, documentação, e etecéteras, mergulhando nesses afetos guardados. Na equipe, nomes bonitos, tupis, latinos, gregos, Celtas, germânicos... Então, as Nilvânias, os Wilkes, as Robertas, as Geórgias, as Taíses, e as Anaíras, podem ir se ultilizando do sentido de quem orienta, que de re-natos, vamos nos fortalescendo a cada novo sol, em cada fogo novo.

Viemos, pois, abindo os fevereiros de 2009 nesse desenvolvimento-envolvimento com a poética dessa coleção, e eu, particularmente, no meu ritmo lento, enxergo o brotar de pequenos jardins em cada gaveta que acesso, tudo vai reflorindo aos poucos, e vou orvalhando em sóis simbólicos junto a esse reflorestar semãntico.

Dessa maneira, a agonia álmica de saber que me envolve, comunga tensa a ciência que salva e o laboratório, no processo de construção de teorias e no querer de contar, e, para isso, os métodos organizacionais pulsantes em expressar.

Assim, vão chegando os exus que mensageiam, e as Proserpinas escuras vão encontrando máscaras antigas, e furando as sementes velhas, vão construindo e espiralando outras primaveras.

Por fim, podemos também pensar em o que temos encontrado aqui nessa coleção? Talvez, em essência, o mesmo que encontrava Carlos Estevão em seus contatos com os "outros": a si mesmo. Portanto, ando me encontrando muito, e a alma, em um mover translúcido, se envolve e desenvolve e reenvolve, tudo vai tomando corpo.

Pois, que o sentido desse trabalho seja a revitalização das membranas que compõem o rizoma humano, que essa diáspora de objetos cumpra alguma função social que reúna, que sirva pra que se entenda que a luz branca do sol se revela em cores na fluidez da chuva que transita os mundos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

COM CIÊNCIA DE COMADRES.

http://www.youtube.com/watch?v=dnprMQPfZ20
O texto que segue foi feito pelas comadres Anaíra Mahin e Luciana Rabêlo em 2008:


Minha cumade como vai
Que bom é vê-la outra vez
Me conte das novidades
De tudo que você fez.

Cumade estou preocupada
Com a terra com a natureza
O povo está todo doido
Estão perdidos com certeza
E as matas vão se acabando
E as águas escasseando
Chegamos nas profundezas.

Cumade que fossa é essa?
Vamos se animar agora
Eu sei que o planeta chora
Por conta dessas trepeça
Que é necessário ter pressa
Pra clarear o caminho
Que ta muito cheio de espinho
Feito um cristo bem sofrido
Mas nem tudo está perdido
Olhe lá seu menininho.

É mesmo minha cumade
Ele me traz esperança
Mas, me diga, essas criança
Viverão com qualidade?
Como ter felicidade
Com tamanha violência?
estamos longe da essência
De nossos reais valores
E aí nos restam dores
Pra viver essa existência.

O mundo se esquenta, parece que cora
Mais vacas em pastos pro abatimento
No meio da mata dois mil ferimentos
Navalhas constantes na fauna e na flora
A terra planeta a muito que chora
De raiva de ver o câncer brotar
A célula gente a degenerar
Devora tal praga seu eco (in)finito
E aí da vontade de dar é um grito
Aos deuses da terra, do céu, e do mar!

Cumade, vixe Maria
Eu chega me arrepiei
Isso é sonho de uma vida
Vida que eu sempre sonhei!

É mas uma vida assim
Carece muita mudança
Não podemos mais deixar
Que o mercado marque a dança
Pois o neoliberalismo
Cada dia mais avança.

Uma outra economia
Com mais solidariedade
É disso que precisamos
Na nossa sociedade
Humanos mais conscientes
Pessoas bem mais decentes
E longe a desigualdade.

É tamanha a minha empolgação
Em falar desse assunto minha amiga
Não agüento no mundo tanta briga
Tanta falta de amor e compaixão
Eu proponho que a gente una as mãos
Para, juntas, plantar mais poesia
Equilíbrio, saúde... Até que um dia
A maldade pipoque numa fogueira
E o fogo ao subir numa clareira
Traga luzes provoque uma alquimia.

Transmutados os seres vão luzir
Lumiar um ao outro em comunhão
Enxergar no caminho uma missão
Entregar-se ao divino e seguir
E sabendo direito a onde ir
Soltaremos as tranças na ventura
Água, azul, verde, vento, flor, ternura
Aprendendo o poder de nossos passos
Ampliando o presente em gestos gratos
Desse eu: criador e criatura.

...

Voltando a realidade
Cumade, estou indo embora
Eu sei, o planeta chora
Mais eu vou pra faculdade

Então ta minha cumade
Até o ano que vem
Que sirvam de alguma coisa
Esses versos do além
Nossas preces sejam ouvidas
Muito bem compreendidas
Até logo, paz, amém!

segunda-feira, 30 de março de 2009



A mudança.

Organismo
Sistema tanto
Um tema e tanto
Poema prato
Processo ingrato

O tempo
Em fim
Existe em mim
Preenche
E só
Sentido e tal.

E...

Um dia inteiro de chuva densa
Pântano de tempo de domingo
Uma segunda feira no meio do tempo
Um ‘mingum’ no animo do plexo
Ajeitei o chão de taco com uma esteira
E tentei alongar as fronteiras
As traseiras
Aos deuses de mim
Os destros
Os sestros (dentro)
Vez ou outra me vinham moços altos
E eu dormi e brinquei
Assassinando dois num sonho só
Sonho de de tarde
Coelhos brancos. Molhados e comendo o mundo.
Que é queu posso dizer da mudança?


(Recife, 13.04.08).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Jacaré-minininho.

Quando eu tinha dois anos
Meus pais me levavam a parques
Para passear

Ao parque da jaqueira
A praça do derby
E ao hospital Ulisses Pernambucano
Popular Tamarineira...

Eles me levavam a tantos lugares
A Mesbla e também a casas de vários amigos deles
Eu chamava de tios (-tios!)
Os amigos que eles mais gostavam
E até hoje chamo alguns
Que acho mais bonito assim.

Era bom quando eu era criança
Morando em recife
Na rua do Jeriquiti...
E achando engraçado
Ir a Pau-amarelo
Ir a praia do Janga
Ir a Maria Farinha.

Meu pai passeava comigo
Pelo centro da cidade
Eu conhecendo cantos
Por muitos lugares

Lojas de departamento, bancos, bares, mares.

Tinham lojas brasileiras
Tinhas lojas pernambucanas
E a arapuä...

Meu pai me levava
Ao banco de Pernambuco bandepe
E eu tomava chá

Meu pai me levava no bar
E eu lanchava ovo de codorna
E amendoim

Eu não achava ruim (nada ruim)
Achava tudo bom (tudo bom)

Por isso é que canto assim
Por isso é que faço esse som.

Na praça do Derby
Morava uma peixe-boi
Em um tanque sem espaço
Bem espremidinha assim
Ela ficou com escoliose
Eu também tenho escoliose
O nome dela era Francisca
O meu pai foi frade franciscano

Mas graças a são Francisco (Graças!)
Que um tal projeto peixe boi
Tirou ela de lá
E ela inda teve três filhinho
Bem gordinhos e grandoesinhos
Que mamaram muito
Mas eu só ouvi falar.

Um dia no horto de dois irmãos
Eu passava por vários bichos
E me deparei com uma cena
Muito da bonita
Eram dois jacarés
Um grande e outro pequeno
E eu disse olha mainha
Venha ver o jacaré minininho
Olha mainha o jacaré minininho

Olha mainha o jacaré-minininho
Olha mainha o jacaré-minininho
Olha mainha o jacaré-minininho
Olha mainha o jacaré-minininho

jacaré minininho.